segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Pessoas interessantes


   Após anos de pesquisa, experiências, testes e observação, qualquer cientista, doutor e observador, mesmo que com poucas informações, tempo e conhecimentos puramente empíricos, pode-se afirmar uma coisa sobre o ser humano, demandamos de uma necessidade imensa de nos relacionar entre nossa espécie. Porém, com o passar do tempo, muito provavelmente por puro instinto, fomos capazes de desenvolver habilidades muito excêntricas. Tenho observado uma delas, e vejo que nós nos adaptamos de forma muito rápida aos diversos quadros que compõem o nosso cotidiano.
   A capacidade de análise nos permite levantar as informações básicas e principais de cada ambiente que frequentamos, isso de forma tão rápida que conseguimos fazer um balanço do que é bom ou ruim, interessante ou monótono, certo ou errado, naquele ambiente em específico. E, tão rápido ocorre essa análise, quanto nos moldamos da melhor forma possível que possa existir neste local. Neste momento deixamos de ser o melhor de nós mesmos e nos tornamos o melhor que o local impõe.
   A questão é que nem sempre o melhor para o ambiente é o melhor de cada um que ali está. "O ser humano é o maior metamorfo que pode existir". Portanto não somos bons em tudo, ninguém é 100%. Mas cada um é interessante o suficiente, no seu âmago, para não precisar se esconder dentre ideologias, costumes, gostos, cultura e caprichos locais e específicos. 
   "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe". (Oscar Wilde). É exatamente isso que precisamos fazer, viver. O simples fato de "viver à nós mesmos" nos torna interessantes. Um mestre meu disse certa vez que os grandes pensadores, mesmo O. W., sem dúvidas foram grandes homens, mas já se foram, já morreram. E hoje? Quem serão os grandes pensadores do presente? Todos não passarão de meros resenhistas de idéias já formadas e consideradas inquestionáveis? O que vamos deixar de bom e reflexivo para as gerações futuras? Somente pessoas interessantes conseguiram e vão conseguir deixar um  verdadeiro legado. Têm a coragem de questionar teorias e filosofias seguidas ao pé da letra por dezenas de décadas.
   Martha Medeiros descreve a pessoa interessante de uma maneira esplendida. "Pessoas com vida interessante não têm fricote. Elas trocam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazerem o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida".
   Enfim, pessoas interessantes não são em nada comparadas ao ser metamorfo que nos sucumbe à uma vida conformada e monótona moldada pela mentira de que estamos agradando a tudo e todos. As pessoas interessantes simplesmente vivem.  

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