segunda-feira, 4 de maio de 2015

SUPERFICIALIDADE


Quantas pessoas cruzam seu caminho todos os dias? Quantos indivíduos participaram de sua vida desde o momento em que veio ao mundo? Por um ângulo menor e absurdamente reduzido, quantos rostos preenchidos com as mais diversas expressões participaram do seu dia do momento em que acordou até o pouco tempo reservado à esta leitura?

De fato, e início, a resposta se apresenta até simplória, porém, ao dividir as longas horas de lembranças em minúsculas partes, teremos minutos de uma imensa dificuldade para serem encontrados na memória. Lembro-me de um passeio ao shopping. Após algumas horas de passeio, vitrinas, cinema e algumas calorias [Também somos “filhos de Deus”], reclinei meu corpo sobre um parapeito de tamanho médio e me aconcheguei de forma que pudesse ver comodamente o piso inferior do estabelecimento, lembro bem de ter me desligado de tudo por alguns instantes. E naquele momento, segundos após fitar os olhos na multidão abaixo, meu pensamento se desligou totalmente do que fazia e como num “reset” ligeiramente inconsciente pensei – Quantos rostos familiares e não sei nada sobre eles!

Veraz que temos nos tornado cada dia mais superficiais. O ambiente que criamos, desenvolvemos e almejamos tem nos fadado a isto, distanciando de forma crescente e efetiva aquela cena de filme em que vários presentes [geralmente comida] de boas vindas são levados aos novos vizinhos. O engraçado é que são justamente estas cenas que nos remetem a um sentimento reprimido de conforto e bem estar. Temos nos esquecido do que é se relacionar com alguém e compartilhar nossas vidas. Nos tornamos desconfiados das pessoas e confiantes em demasia nas ferramentas que deveriam servir como uma espécie de introdução ao relacionamento. A tecnologia vem sendo utilizada de forma incorreta, diminuindo as fronteiras virtuais e aumentando as físicas.

Sem perceber estamos destruindo momentos que deveriam ser eternizados. Hoje, dificilmente se encontra a cena da mãe preparando um almoço para a família, onde se criava uma expectativa e todos compartilhavam bons momentos até “sair o rango”. Os bons instantes registrados nas fotografias, não se sabia o que viria pela frente, tinha que esperar dias para revelar as fotos e quando o papai chegava com aquele envelope amarelo todos se reuniam para ver as fotos, organizá-las nos pequenos álbuns com capa de pontos turísticos. Estes exemplos servem apenas para despertar uma infinidade de lembranças semelhantes que, tenho certeza, todos possuímos.

Preciso ressaltar que não sou contra a tecnologia, mas sim da maneira que a estamos utilizando. Já pensou na quantidade de tempo que ganhamos com ela, mesmo assim acredito que o tempo tinha mais qualidade antes do controle remoto, DVD, celular, carro, computador. Então começo a compreender que, se o tempo que não dispúnhamos fosse preenchido pelo que ansiávamos em poder fazer, tudo seria diferente, as famílias seriam mais unidas, estaríamos empanturrados de amigos [amigos de verdade]. Preciso rever meus conceitos, precisamos jogar fora os nossos conceitos e voltar a preencher nossas vidas com as verdadeiras necessidades, aquelas que nossos pais sonhavam em conquistar, ou então, não muito distante do que vivemos hoje, nos tornaremos mais indivíduos e menos pessoas, sedentários em nossas emoções e solitários em nossos sentimentos.

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